Todo novo ano chega acompanhado da ilusão de finalização de um ciclo e reinício. Multiplicam-se os desejos de paz, felicidade, prosperidade, dinheiro. Com frequência, mensagens de felicitações de fim de ano falam de renovação de esperanças, recomeço, superação. Especialmente agora. Em 2020 situações inesperadas e assombrosas invadiram nosso cotidiano, trazendo experiências desconhecidas, incertezas e preocupações. Não é de surpreender que as pessoas esperem um 2021 mais ameno. Em conversas com familiares, amigos e conhecidos, externamos sentimentos e aspirações. Nós, cristãos, às vezes reproduzimos, encaminhamos, palavras bonitas ou imagens que recebemos porém nem sempre elas refletem a realidade do que cremos. É bom repensá-las e conferir se representam nossa fé. Uma dessas ideias frequentes incluem a ideia de nova esperança. Pensemos nisso: um novo ano traz nova esperança? Para construir a resposta à essa questão, analisarei o assunto a partir de de uma perspectiva espiritual (bíblica/cristã) levando em conta as Escrituras e a experiência cotidiana de cada um de nós.
A Bíblia nos diz que Deus enviou seu filho Jesus para redimir nossos pecados. Isso foi anunciado por Deus já no jardim do Éden. Em I Pedro 1.3, 4 e 21, lemos que Cristo é a nossa esperança. O apóstolo Pedro fala por experiência própria, pois, como judeu, vivenciou tanto a esperança no sentido do que se espera ou deseja, bem como a certeza de cumprimento vindouro da promessa feita (ele viu, tocou e andou com Jesus, aquele que tem as palavras de vida eterna, João 6.68). Ou seja, nossa esperança está em Cristo e é Cristo. Por essa perspectiva a resposta para a pergunta inicial é NÃO, 2021 não traz uma nova esperança, pois Jesus segue sendo o soberano senhor de nossas vidas. Ele é a esperança que não morre (o pastor e advogado fiel, excelente conselheiro, suficiente salvador). Colossenses 1.26 e 27, fala de Jesus como uma antiga promessa cumprida, revelada e presente e que Ele é a esperança da glória (temos confiança de que participaremos de sua glória nos céus). Para seu amigo Tito, Paulo diz que Jesus é a esperança viva e ao mesmo tempo, alegre esperança de vida eterna, Tt 1.2 (anseio) e 2.13 (promessa). Esses textos da Bíblia embasam a resposta negativa à pergunta, pois Jesus se tornou nossa esperança quando o recebemos como Salvador e Senhor, e seguirá nos anos vindouros assim.
Por outro lado, podemos analisar a pergunta inicial de acordo com nossa experiência de vida. Há ditados, slogans, frases que materializam nossa “filosofia de vida”. Costuma-se dizer, por exemplo, que a esperança é a última que morre. Se o cristão tem sua esperança (confiança) em Jesus, é certo que esse ditado está errado pois Ele é eterno. Entendemos, porém, que essa afirmação está relacionada à expectativas, à torcida para que algo mude repentinamente. Ainda assim, é necessário que sujeitemos nossos pensamentos e conversas a uma comparação com as verdades da Palavra de Deus. Isso impedirá que reproduzamos ideias errôneas e que causemos confusões aos que nos acompanham.
Voltando ao assunto das expectativas que temos para resolução dos problemas que vimos agigantarem-se em 2020: como podemos expressar nossos desejos de uma vivência menos complicada e que sejam biblicamente coerentes? Para iniciar sugiro três passos:
1- Oração
Em I Timóteo 2.2 e 3 vemos um conselho de Paulo que é o ponto de partida para uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.
2- Novas Posturas
Mudar a mente como diz Romanos 12.2b. Romper com velhos hábitos que embaraçam nossa caminhada. Não podemos esperar novos resultados se trabalhamos com velhos métodos (ou hábitos). Ainda que muitas dificuldades que vivenciamos são originadas em fatores que independem de nossa vontade, grande parte das encrencas e decepções são causadas pelas reações que temos diante das fatalidades. Exemplo: brigas, doenças, fracassos escolares, dívidas, etc. Se continuamos com teimosias, irresponsabilidades ou indisciplinas, como teríamos tempos mais pacíficos e prósperos? Se votamos em corruptos, despreparados e sociopatas como teremos representantes melhores na vida pública? Se gastamos tempo excessivo com trivialidades como seremos pais/cônjuges/filhos melhores? Se persistirmos sendo relapsos com nossos sonhos (emagrecer, conquistar um diploma, conhecer a Bíblia, passar em concursos) como alcançaremos nossos objetivos? Se lidamos com o dinheiro de forma incosequente teremos carências, sem dúvidas.
Algumas afirmações populares contaminam a nossa vida provocando inércia e conformismo. Exemplo: 1- O tempo cura tudo! (Ele cristaliza sentimentos e lembranças ruins, naturaliza o pecado, e afasta pessoas); 2- Quando casar sara! (Quem cura a inclinação para os pecados sexuais é Jesus. Matrimônio com pessoas desajustadas traz infidelidade, escândalo, solidão, tristeza, doenças); 3- Uma bolada (dinheiro) resolve todos os problemas! (Pessoas com dívidas podem pensar que se apostarem, receberem heranças, pegar empréstimos, ou conseguir um rendimento vultuoso resolvem todas as pendências, mas quem tem amor ao dinheiro só acumula perdas).
Confiar em seres humanos ou circunstâncias é repetir erros passados. Só o Todo-Poderoso Deus pode fazer milagres. É preciso romper o círculo vicioso. O Senhor é nossa esperança para não quebrarmos nossas resoluções de ano novo! Se confiarmos nosso caminho a Deus, o buscaremos mais. Pela sua Palavra teremos consolo e os conselhos que levarão à disciplina que vence o vitimismo, a preguiça, a falta de oportunidade do passado e as dificuldades pessoais.
3- Meditar na Palavra de Deus
Provérbios 1.1-7: Estes são os provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Eles ajudarão a experimentar a sabedoria e a disciplina; a compreender as palavras que dão entendimento; a viver com disciplina e sensatez, fazendo o que é justo, direito e correto; ajudarão a dar prudência aos inexperientes e conhecimento e bom senso aos jovens. Se o sábio der ouvidos, aumentará seu conhecimento, e quem tem discernimento obterá orientação para compreender provérbios e parábolas, ditados e enigmas dos sábios. O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.
Concluindo, a nossa esperança (confiança) segue sendo Jesus. Qualquer nova possibilidade invariavelmente passará pela direção e vontade Dele, pois é o guia das nossas vidas. Da mesma forma, para o mundo, a esperança (solução) é conhecer Jesus. Que ninguém se engane, seja confundido ou atrapalhe o agir do Espírito Santo.
Aí sim, teremos dias proveitosos, onde as expectativas de dias melhores tem possibilidade de cumprimento. Porque as circunstâncias não podem escravizar, abater e desesperar o crente. Como está escrito em II Coríntios 4.8, 9, 15 e 16: De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Tudo isso é para o bem de vocês, para que a graça, que está alcançando um número cada vez maior de pessoas, faça que transbordem as ações de graças para a glória de Deus. Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia.
Somos forasteiros na terra, em breve vamos para nosso lar. Enquanto isso anunciemos que Jesus é a esperança da humanidade. Só Ele sabe quantos ouvirão nossa pregação e se renderão a essa maravilhosa salvação.
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